sábado, 26 de fevereiro de 2011

Dislexia

            Definição de Dislexia:
            Ao falarmos de Dislexia, referimo-nos não só a problemas de leitura, mas também a problemas na escrita, nas relações espaciais, na obediência a instruções, na sequência temporal, na capacidade de memorização, entre outros problemas que afectam os alunos e que lhes causam muitos problemas na sua vida diária.
            Há vários autores que têm tentado encontrar definições que melhor descrevam esta problemática de grande incidência.
            Kamhi (1992), citado por Hennigh (2005), defende uma definição inclusiva centrada na linguagem em si mesma e na separação das dificuldades sentidas no processamento de informação de carácter fonológico. Esta definição vai de encontro ao pensamento actual, que sustenta a distinção entre leitores “pouco eficientes” e crianças com Dislexia. Assim, refere que:
A Dislexia é uma desordem a nível de desenvolvimento da linguagem cuja principal característica consiste numa dificuldade permanente em processar informação de ordem fonológica. Esta dificuldade envolve codificar, recuperar e usar de memória códigos fonológicos e implica défices de consciência fonológica e de produção de discurso. Esta desordem, com frequência geneticamente transmitida, está por via de regra presente à nascença e persiste ao longo de toda a vida. Uma característica marcante desta desordem manifesta-se nas deficiências a nível da oralidade e da escrita.” (Kamhi, 1992, cit. in Henning, 2005).
Esta definição vai de encontro à proposta da Associação Nacional de Dislexia Americana que exprime o seguinte:
“A Dislexia é um dos vários tipos de dificuldades de aprendizagem. É uma desordem específica com base na linguagem, de origem orgânica, caracterizada por problemas na descodificação de palavras, reflectindo, geralmente capacidades reduzidas no processamento fonológico. Estes problemas na descodificação da palavra são geralmente inesperados ao considerar-se a idade ou as aptidões cognitivas; eles não são o resultado de uma discapacidade desenvolvimental generalizada ou de um impedimento sensorial. A Dislexia é manifestada por uma dificuldade variável nas diferentes formas de linguagem, incluindo, para além de um problema na leitura, um problema manifesto na aquisição de proficiência na escrita e na soletração.”
Grande parte dos autores é unânime ao afirmar que o termo Dislexia engloba uma dificuldade na leitura e, consequentemente, dificuldades de distinção ou memorização de letras ou grupos de letras, de ordenação, de ritmo, de compreensão e de estruturação das frases, afectando, assim, tanto a leitura como a escrita.    
Segundo Fonseca (1999), esta é “uma dificuldade duradoura da aprendizagem da leitura e aquisição do seu mecanismo, em crianças inteligentes, escolarizadas, sem qualquer perturbação sensorial e psíquica já existente”.

Tipos de Dislexia:

* Disgrafia (constitui uma perturbação da escrita e tem uma componente exclusivamente motora, a qual origina dificuldades na morfologia e na qualidade da escrita);
* Disortografia  (conjunto de erros da escrita que afectam a palavra, mas não o seu traçado ou grafia. Implica uma série de erros sistemáticos na escrita e na ortografia que, por vezes, torna ilegível os textos escritos);
* Discalculia (disfunção neuropsicológica, caracterizada por dificuldades no processo de aprendizagem do cálculo, constatando-se, geralmente, em pessoas com um grau de inteligência normal que apresentam inabilidade na realização das operações matemáticas e falhas no raciocínio lógico-matemático);
* Dismapia (dificuldade em interpretar mapas, tabelas e escalas);
* Dislalia (dificuldade em pronunciar correctamente as palavras devido a omissões, acréscimo ou troca de fonemas e/ou sílabas);
* Dispraxia (dificuldades motoras que podem afectar os movimentos do corpo. Esta pode manifestar-se como falta de jeito, problemas na escrita ou dificuldades na fala);
* Disartria (distúrbio neurológico que pode também ter a sua origem em lesões do sistema nervoso que levam a uma má articulação, fala lenta e arrastada).

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Perturbação do Espectro do Autismo


É uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito tenras, tipicamente antes dos três anos de idade, e que se caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, na integração social e no uso da imaginação, sendo descrito pela 1.ª vez, em 1943, pelo Dr. Leo Kanner.
Estes três desvios, que ao aparecerem juntos caracterizam o autismo, foram chamados de “Tríade”, sendo responsável por um padrão de comportamento restrito e repetitivo, mas com condições de inteligência que podem variar.
Vários autores possuem teorias variadas a respeito da incidência do autismo. Segundo informações encontradas no ASA (Autism Society of America), a incidência seria de 1:500, ou seja, dois casos de autismo para cada 1000 nascimentos. Porém, o que se realmente se sabe é que o autismo incide igualmente em famílias de diferentes raças, credos ou classes sociais.
Com causas desconhecidas, acredita-se que o autismo esteja em deformações em alguma parte do cérebro ainda não definida de forma conclusiva e, provavelmente, é de origem genética.
O autismo pode-se manifestar, desde os primeiros dias de vida, mas é comum pais relatarem que a criança passou por um período de normalidades anteriormente à manifestação dos sintomas. É comum o aparecimento de movimentos estereotipados, que podem ser repetitivos, a fixação do olhar nas mãos por longos períodos e hábitos como o de se morder, morder as roupas ou puxar os próprios cabelos.
A definição de autismo adoptada pela AMA (Associação de Amigos do Autismo), para efeito de intervenção, é que o autismo é um distúrbio do comportamento que consiste num trio de dificuldades:
  • Dificuldades de Comunicação: dificuldade em utilizar com sentido todos os aspectos da comunicação verbal e não verbal, incluindo gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo, etc.
  • Dificuldades de sociabilização: sendo o ponto marcante no autismo, é o mais fácil de gerar falsas interpretações. O autista possui dificuldades de se relacionar com outros, com incapacidade de compartilhar sentimentos, gostos e emoções, possuindo também dificuldades na discriminação entre diferentes pessoas.
  • Dificuldades no uso da imaginação: é caracterizado por rigidez e inflexibilidade e estende-se às várias áreas do pensamento, da linguagem e do comportamento infantil, podendo ser exemplificado por comportamentos obsessivos e ritualísticos, falta de aceitação das mudanças e dificuldades nos processos criativos.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Síndrome de Asperger


Sintomatologia

Muitas vezes confundida com o autismo, a Síndrome de Asperger foi descrita pela 1.ª vez por Hans Asperger, em 1944, no artigo “Psicopatologia Autística na Infância”, mas foi incluída no Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais (DSM IV), apenas em 1994.

As características essenciais do Transtorno de Asperger são um prejuízo severo e persistente na interacção social (Critério A) e o desenvolvimento de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e actividades (Critério B). A perturbação deve causar prejuízo clinicamente significativo nas áreas social, ocupacional ou outras áreas importantes de funcionamento (Critério C).
Contrastando com o Transtorno Autista, não existem atrasos clinicamente significativos na linguagem (isto é, palavras isoladas são usadas aos 2 anos, frases comunicativas são usadas aos 3 anos) (Critério D).
Além disso, não existem atrasos clinicamente significativos no desenvolvimento cognitivo ou no desenvolvimento de habilidades de auto-ajuda apropriadas à idade, comportamento adaptativo (outro que não na interacção social) e curiosidade acerca do ambiente na infância (Critério E).
O diagnóstico não é dado se forem satisfeitos critérios para qualquer outro Transtorno Invasivo do Desenvolvimento específico ou para Esquizofrenia (Critério F).
Prevalência
As informações sobre a prevalência do Transtorno de Asperger são limitadas, mas ele parece ser mais comum no sexo masculino.

Critérios de Diagnóstico

A. Prejuízo qualitativo na interacção social, manifestado por pelo menos dois dos seguintes requisitos:
(1) prejuízo acentuado no uso de múltiplos comportamentos não-verbais, tais como contacto visual directo, expressão facial, posturas corporais e gestos para regular a interacção social
(2) fracasso para desenvolver relacionamentos apropriados ao nível de desenvolvimento com seus pares
(3) ausência de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas (por ex. deixar de mostrar, trazer ou apontar objectos de interesse a outras pessoas)
(4) falta de reciprocidade social ou emocional

B. Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e actividades, manifestados por pelo menos um dos seguintes requisitos:
(1) insistente preocupação com um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesses, anormal em intensidade ou foco
(2) adesão aparentemente inflexível a rotinas e rituais específicos e não funcionais
(3) maneirismos motores estereotipados e repetitivos (por ex. dar pancadinhas ou torcer as mãos ou os dedos, ou movimentos complexos de todo o corpo)
(4) insistente preocupação com partes de objectos
 
C. A perturbação causa prejuízo clinicamente significativo nas áreas social e ocupacional ou outras áreas importantes de funcionamento.

D. Não existe um atraso geral clinicamente significativo na linguagem (por ex. palavras isoladas são usadas aos 2 anos, frases comunicativas são usadas aos 3 anos).

E. Não existe um atraso clinicamente significativo no desenvolvimento cognitivo ou no desenvolvimento de habilidades de auto-ajuda apropriadas à idade, comportamento adaptativo (outro que não na interacção social) e curiosidade acerca do ambiente na infância.

F. Não são satisfeitos os critérios para um outro Transtorno Invasivo do Desenvolvimento ou Esquizofrenia.